O transtorno de ansiedade tomou conta de mim na pandemia. Hoje estou melhor, e tenho certeza que não venci as dificuldades sozinha.
Grande parte do tratamento passou por mergulhar em mim mesma, naqueles corredores estreitos da memória que muitas vezes evitamos visitar. Nasci e cresci na zona leste de São Paulo, em Guaianases. Estudava de manhã e ajudava com os afazeres domésticos à tarde, enquanto meus pais trabalhavam fora.
Como a falta de grana era uma constante, meu pai tinha uma conta aberta na mercearia do bairro pra gente poder comprar fiado e pagar no final do mês. Eu pegava os ingredientes e reproduzia na cozinha as delícias que via na televisão. Minha terapia era me deixar levar pelos rodopios da batedeira, pelos movimentos ágeis das mãos a sovar a massa, no passo a passo das receitas.
A felicidade estava em achar o ponto certo do cozimento da carne, o toque agridoce do molho, a textura perfeita para a sobremesa. Comecei a entender que não tinha jeito, não restava dúvida, era na comida que estava meu futuro e o sonho de alimentar e alegrar outras vidas com o meu talento.
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