Ser mulher era um eterno não ser!
Era a crença que meu pai conclamava. Cresci acreditando que eu não poderia ser empresária, secretária, professora, médica, vendedora, escritora, nem nada. Não iria estudar, porque só precisaria das letras para ler caixa de sabão em pó. Para o meu pai, a mulher só podia trabalhar em casa, cuidar dos filhos, do marido.
Já na infância eu assumi a cozinha. Na beirada do fogão desde os nove anos, juntava o prazer de preparar as refeições da família com a fuga da realidade. Era como se, ao vestir o avental, a vida passasse a acontecer na tela da tv. Fosse o arroz mais trivial, a verdura refogada, a banana frita, eu sempre me imaginava em um programa de culinária, dando receitas exclusivas para telespectadores famintos e distantes. Cada prato tinha um toque gourmet, uma apresentação impecável. Quando não estava na cozinha, dentro de mim morava a indignação. Nunca entendi o motivo de as mulheres serem privadas de direitos, sobrecarregadas com deveres.
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