Uma nesga de sol invade o meu rosto. Nem precisava. Parece que já nasci contendo a energia do sol dentro de mim.
Sou Renata, nascida em São Paulo, uma filha do bairro de Ermelino Matarazzo, situado na zona leste da capital paulista, lar de 113.615 pessoas, de acordo com o
IBGE. É muita gente, mais do que a maioria das cidades do Brasil. Foi aqui que vi minha mãe abrir sua lojinha de doces, firme na ideia de que mulheres têm que se jogar no mundo, empreender para se libertar.
Cresci admirando o viver de minha mãe, para o mundo exterior, e o de minha avó paterna, para seu próprio mundo interior, a fazer tortas e roscas que adoçaram minha infância no quintal simples e acolhedor.
Movida pela força dessas duas mulheres e pela que já nasceu comigo, me formei em processamento de dados. Um diploma na mão era chegar onde nenhuma das pessoas da minha família havia chegado: um curso superior. Era ainda mais. Um diploma na área de tecnologia da informação ainda é algo meio raro para mulheres em qualquer canto do Brasil. Decifrar a língua dos computadores me abriu muitas portas.
Trabalhei como consultora por anos a fio a oferecer soluções onde a maioria das pessoas só enxergava problemas. Atravessava São Paulo para me sentar diante das telas e temperar meus dias com tecnologia. Até 2015. A estabilidade da vida que até então eu conhecia cedeu espaço ao imprevisível. Fui demitida. Perdi o emprego e o rumo. Perdi o fio da vida que tinha traçado para mim mesma. Me fechei em mim, tentando encontrar respostas. Pensava: e agora? Mandar currículo? Começar tudo de novo? Essas eram perguntas complexas demais para eu responder sozinha.
Leia a história completa da Renata e outras empreendedoras no livro “Consulado da Mulher 20 Anos”
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